terça-feira, 14 de dezembro de 2021

ParqEU de Diversões

É estranho. E não tem grande explicação. Porque é que, estando tudo bem (ok, vamos assumir que o tudo e o nada existem mesmo), insistimos em ir buscar, nos recônditos do nosso eu, momentos menos bons, momentos maus até, à procura de semelhanças irreais, existentes apenas na nossa cabeça, para nos fazer ver que afinal está muita coisa mal?

Que coisa tão estranha. É que é um raio de uma voz que não se cala. Insistente. Obriga-nos a ouvir. Vence-nos pelo cansaço. E lá vamos nós, mais uma voltinha, mais uma viagem, naquele comboio da casa fantasma. Só que esta é uma viagem que parece não ter fim. Que segue e segue e segue e segue e segue.

Mais estranho ainda. A viagem finalmente termina e que fazemos nós? Mais uma ficha, reentramos no comboio e siga a festa...

É exigente, é massacrante. Mas é, também, algo que podemos e conseguimos vencer. Exige muito de nós, é certo. Nem todos os dias nos sentimos capazes, verdade. E quando finalmente, depois de dias e dias disto, conseguimos... Um pormenor. Uma música. Uma mensagem. Um olhar. Uma resposta mais torta. E lá vamos nós, novameeeeeente.

Mas saímos sempre do buraco. Por muito que custe e doa, não só sabemos o fim do filme como lhe conseguimos dar a volta. E regressamos, às vezes mais para lá do que para cá. Mas cá estamos. Para mais um dia. Porque ser feliz e ver as coisas boas é, também ela, uma opção. Passar ao lado do castelo fantasma, olhar para ele e dizer que estamos fartos. Fugir do gajo que nos quer impingir mais um bilhete. Pague 2 leve 20. Não quero, obrigado.

Porque há muito mais para ver e fazer, neste parque de diversões a que chamamos vida.


MB

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Escrita, para que te quero?

18 minutos. É o tempo que tenho para passar para o papel o que quer que, sem controlo, à falta de melhor palavra, achar que faz sentido ser escrito.

A escrita liberta. Ajuda. Mas tenho de mudar isso, porque a escrita não deve ser só uma muleta para as alturas menos boas. É demasiado valiosa para isso. As palavras não podem amar. Nem odiar. São apenas a forma de dar corpo a alguma coisa. É essa coisa, isso sim, que nos fará amar, odiar ou o que quer que seja. É esse o poder da palavra.

Já o dom... O dom é diferente. É a capacidade de manipular a palavra conforme o seu melhor e maior interesse.

Tenho gosto na escrita. É libertadora, não só por permitir despejar o saco e limpar a cabeça (e o coração) do que não interessa ou não faz sentido, mas também porque permite viajar à vontade sem que nunca nos percamos. E a magia surge nesse liga/desliga da realidade, na capacidade de levar quem lê a não conseguir distinguir a verdade da realidade.

Quem lê não é como quem vê. Quem lê, imagina. E esse binómio lê/imagina é o Santo graal para quem escreve. Porque quem escreve depois diz "isso foi o que tu interpretaste, não o que eu escrevi". Mesmo que tenha sido.

Escrever é ser o capitão e o alferes (será este o termo) de um só barco. É fazer e imaginar. É comandar e ser comandado. É estar certo e, ao mesmo tempo, errado.

Gosto da escrita. Liberta. Refoca. Coloca as coisas no seu lugar. Como o tempo, mas de forma intemporal.

É como ser um deus das pequenas coisas.

MB

Viagem 3 - Serra de Béjar

Estava prometido ao G que ele este ano iria ver neve pela primeira vez. Viagem adiada pela falta de neve, mas neste fim-de-semana foi de vez...