segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Escrita, para que te quero?

18 minutos. É o tempo que tenho para passar para o papel o que quer que, sem controlo, à falta de melhor palavra, achar que faz sentido ser escrito.

A escrita liberta. Ajuda. Mas tenho de mudar isso, porque a escrita não deve ser só uma muleta para as alturas menos boas. É demasiado valiosa para isso. As palavras não podem amar. Nem odiar. São apenas a forma de dar corpo a alguma coisa. É essa coisa, isso sim, que nos fará amar, odiar ou o que quer que seja. É esse o poder da palavra.

Já o dom... O dom é diferente. É a capacidade de manipular a palavra conforme o seu melhor e maior interesse.

Tenho gosto na escrita. É libertadora, não só por permitir despejar o saco e limpar a cabeça (e o coração) do que não interessa ou não faz sentido, mas também porque permite viajar à vontade sem que nunca nos percamos. E a magia surge nesse liga/desliga da realidade, na capacidade de levar quem lê a não conseguir distinguir a verdade da realidade.

Quem lê não é como quem vê. Quem lê, imagina. E esse binómio lê/imagina é o Santo graal para quem escreve. Porque quem escreve depois diz "isso foi o que tu interpretaste, não o que eu escrevi". Mesmo que tenha sido.

Escrever é ser o capitão e o alferes (será este o termo) de um só barco. É fazer e imaginar. É comandar e ser comandado. É estar certo e, ao mesmo tempo, errado.

Gosto da escrita. Liberta. Refoca. Coloca as coisas no seu lugar. Como o tempo, mas de forma intemporal.

É como ser um deus das pequenas coisas.

MB

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