É estranho. E não tem grande explicação. Porque é que, estando tudo bem (ok, vamos assumir que o tudo e o nada existem mesmo), insistimos em ir buscar, nos recônditos do nosso eu, momentos menos bons, momentos maus até, à procura de semelhanças irreais, existentes apenas na nossa cabeça, para nos fazer ver que afinal está muita coisa mal?
Que coisa tão estranha. É que é um raio de uma voz que não se cala. Insistente. Obriga-nos a ouvir. Vence-nos pelo cansaço. E lá vamos nós, mais uma voltinha, mais uma viagem, naquele comboio da casa fantasma. Só que esta é uma viagem que parece não ter fim. Que segue e segue e segue e segue e segue.
Mais estranho ainda. A viagem finalmente termina e que fazemos nós? Mais uma ficha, reentramos no comboio e siga a festa...
É exigente, é massacrante. Mas é, também, algo que podemos e conseguimos vencer. Exige muito de nós, é certo. Nem todos os dias nos sentimos capazes, verdade. E quando finalmente, depois de dias e dias disto, conseguimos... Um pormenor. Uma música. Uma mensagem. Um olhar. Uma resposta mais torta. E lá vamos nós, novameeeeeente.
Mas saímos sempre do buraco. Por muito que custe e doa, não só sabemos o fim do filme como lhe conseguimos dar a volta. E regressamos, às vezes mais para lá do que para cá. Mas cá estamos. Para mais um dia. Porque ser feliz e ver as coisas boas é, também ela, uma opção. Passar ao lado do castelo fantasma, olhar para ele e dizer que estamos fartos. Fugir do gajo que nos quer impingir mais um bilhete. Pague 2 leve 20. Não quero, obrigado.
Porque há muito mais para ver e fazer, neste parque de diversões a que chamamos vida.
MB
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