quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Tiro na semi-obcuridade, ou a opinião totalmente errada de um leigo.

Leigo, mas interessado, que sou, parece-me que a não aprovação do Orçamento do Estado para 2022 foi uma manobra já pensada pelo PS antes das eleições autárquicas. E digo isto não só pelo discurso de António Costa durante as mesmas, mas também pelo posicionamento de alguns ex-autarcas, preparados para dar o pulo para Belém. Por outro lado, tendo à direita um PSD, na altura, em guerrilha interna e, à esquerda, partidos que se julgam "em queda", seria a melhor altura para romper com o estado da arte e arriscar uma maioria absoluta ou, no limite, um acordo que não lhe desse (ao PS, bem entendido) grandes dores de cabeça.
Contudo, o plano começou a correr mal logo na noite das autárquicas. A perda de Lisboa para o PSD vai, acredito eu, ser fundamental para as legislativas que aí vêm. E o discurso de Medina, a puxar para si a responsabilidade, acabou por não ser muito convincente. Contudo, a guerra interna no PSD mantinha-se e parecia ter sido, apenas, um percalço.
À medida que a campanha eleitoral das legislativas vai avançando, o desgaste vai-se acumulando, para mal dos pecados do PS. Não só o desgaste da figura de António Costa, como o constante abanar do orçamento que estará preparado, como o desgaste de não se entender nada se a ideia é à direita, à esquerda, sozinho... Já foi um piscar de olhos ao PSD, um namoro ao PAN, já foi tudo e mais alguma coisa.
Por outro lado, o PSD tem vindo a (tentar) capitalizar isto evitado, ao máximo, erros grosseiros e falhas que lhe sejam apontadas pela "generalidade". Houve a questão do SNS, mas passou entre os pingos da chuva. Parece-me, ainda, que quem mais tem lucrado com tudo isto são partidos da direita, não só porque, goste-se ou não, têm mantido coerência nas suas posições, como, fator muito importante, não estão associados aos anteriores governos e a esta embrulhada do orçamento de 2022.
Vem aí uma "noite eleitoral", a meu ver, muito interessante, onde qualquer prognóstico corre o risco de estar errado. Parece-me que, ainda assim, o PS vai ser o partido mais votado e o partido com mais deputados. Parece-me, também, que o facto de PS e PSD afirmarem que não negoceiam com o Chega, faz com que a solução governativa passará por um acordo ao centro, entre PS e PSD, ou um acordo à esquerda, mas plural, no sentido de ser com mais do que um partido (talvez seja mesmo necessário ser BE, CDU e PAN). A forma como está organizada a eleição dos deputados, pelos vários distritos, ajuda-me a pensar que será assim.
Por último, não descurar a dificuldade que a maior parte (para não dizer todos) dos políticos têm de largar os cadeirões. Portanto, preparem-se para um combate em que vai valer tudo...

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