Não é um blog de um escritor. Nem de um viajante. Nem de um politólogo. Nem de um treinador. É sobre tudo, mas também sobre nada. É sobre todos os lugares, mas sem ser de lugar nenhum. É sobre o mundo dos crescidos, visto pela minha lente.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2022
Tiro na semi-obcuridade, ou a opinião totalmente errada de um leigo.
terça-feira, 25 de janeiro de 2022
Pressão alta
Sai hoje a notícia de que Gabriel Medina não vai participar nas primeiras etapas do Circuito Mundial de Surf. Ele que é o atual campeão e o maior rosto da modalidade, a par de Kelly Slater. Mais um sinal de alerta. De mais um campeoníssimo.
Recuemos até 2009. Robert Enke suicidava-se, fim trágico para uma luta diária contra a depressão. Para os mais distraídos, o alerta estava dado. Um jogador de futebol, internacional pelo seu país, a viver uma fase próspera do ponto de vista desportivo. Rapidamente esquecemos e seguimos como se nada fosse. Daí para cá, e sem recorrer ao Google, recordo-me dos casos de Buffon, Iniesta, Bellamy, Ilicic (em dose dupla) e do nosso André Gomes, sendo que estes dois últimos foram, do que me recordo, aqueles que abordaram o tema “no presente” e não anos e anos depois, em modo recordações de carreira.
Não é exclusivo de atletas de topo, que lidam com os holofotes dia sim dia sim. Temos o exemplo de Juan San Martin, que joga no Esperança de Lagos, no Campeonato de Portugal, a atual 4ª divisão do futebol nacional. Nem muito menos do futebol. Gabriel Medina (foi por aí que começámos a conversa), Michael Phelps, Frederico Gil, Simon Biles. A lista continua. E não faltará muito até que os treinadores comecem a revelar os mesmos sintomas ou a recordar histórias semelhantes.
Se é preocupante esta questão da depressão, a dificuldade dos atletas, no ativo ou mesmo depois, manifestarem a sua homossexualidade roça o pré-histórico. 2021 foi o ano em que, pela primeira vez, um futebolista no ativo admitiu, quase como se fosse culpado, a sua homossexualidade. Não tenho dúvidas que muito destes problemas derivam da pressão a que os atletas estão e são sujeitos. E nem sempre esta pressão é puramente desportiva, no sentido da obtenção de resultados. A necessidade de ser, e de parecer ser, perfeito, o escrutínio constante de que são alvo, a necessidade de evitar dar “argumentos” a muitos dos irracionais que pululam em torno do fenómeno desportivo.
Onde é que isto nos toca à porta? Toca porque, grosso modo, todos somos, direta ou indiretamente, intervenientes no processo de formação dos atletas, independentemente da modalidade. Seja como treinadores, como familiares, como colegas, como amigos. Temos, portanto, a responsabilidade de ajudar a que a formação seja, realmente, completa. Temos a responsabilidade para alertar, no mínimo, para a necessidade de compreender, trabalhar e treinar a “parte psicológica”, à falta de melhor expressão, dos atletas. E, como treinadores, temos a obrigação de o fazer, todos os dias e em todas as situações. É tão errado colocar uma pressão desmedida nos atletas como retirar toda a pressão aos mesmos. Algures existe um equilíbrio, que ainda por cima é dinâmico e individual, que o treinador tem de tentar que o atleta atinja. Para que este saiba como lidar com os extremos da frustração e da alegria.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2022
Viagem 2 - Ourém
sexta-feira, 21 de janeiro de 2022
Viagem 1 - Aracena
(Re)Descobri recentemente o bom que é passear por passear, conhecer, explorar. Se possível em família. O destino foi Aracena, Espanha. O tempo estava convidativo, principalmente na parte da manhã.
Um passeio até às Cascadas de los Molinos, pelo percurso mais curto para garantir que o miúdo aguentava. Sem pressas, em conversa, a aproveitar a viagem, a paisagem e a companhia. A primeira parte, sempre a descer, até cruzar o curso de água e chegar à cascata. Simples, mas bonita. Destaque para uma árvore, enorme, como que a marcar o local da paragem. No regresso, a subir, passagem pelos moinhos que dão nome à cascata. Terreno mais acidentado na subida, até apanhar um troço que é comum e voltar ao ponto de partida. Sempre perto da natureza e bem marcado, deixa apenas algumas dúvidas no início, na chegada ao cruzamento "dos 4 caminhos", junto a Corteconcepcion.
À tarde, visita à gruta das maravilhas. Uma gruta enorme, com uma relação bem conseguida entre a parte turística e a parte mais natural, por assim dizer, da gruta. Muto bonita, com lagos de um azul espetacular. Visita guiada, em espanhol, mas facilmente percetivel e com explicações simples e claras. Não se pode tirar fotos, mas...
Dia bonito, muito agradável, com o tempo a ajudar. Quando vínhamos embora ficou cinzento, como que a dizer que é pena não ter mais tempo para explorar o centro de Aracena. Merecia, mas fica para nova oportunidade.
Ficam aqui alguns registos do passeio.
MB
terça-feira, 18 de janeiro de 2022
A capa
Não julgar os livros pela capa. Não é a capa que nos traz o desassossego de Bernardino Soares, nem é ela que nos leva até Mordor.
A leitura, o embrenhar na história, o conhecer os pormenores. A cada leitura, antecipamos o que vai acontecer mas, como que por artes do além, somos sempre surpreendidos por algo novo, inesperado, que nos faz (re)pensar e (re)analisar tudo de uma perspetiva nova e ligeiramente diferente.
Aplica-se aos livros, mas também se aplica a tudo o resto, incluindo às pessoas. Por muito que conheçamos, conseguem sempre surpreender-nos, umas vezes pelo lado mau, mas outras tantas com coisas boas. E se é aplicável às pessoas, é também aplicável a nós próprios.
Nós, que nos olhamos ao espelho e vemos sempre a mesma capa. Nós, que conhecemos o nosso livro de cor. Mas tantas, tantas vezes que acabamos por nos surpreender a nós. E aos outros. É esse o grande segredo, mas também o grande poder que está nas nossas mãos. O de mudar aquela pequena coisa, que vai surpreender o(s) outro(s).
Se muitas vezes nos deixamos influenciar, principalmente, pelo cansaço... Este cansaço tem tanto que se lhe diga. É um cansaço e um esforço mental, por vezes, tão grande que se transforma numa agonia física com que não sabemos lidar. É uma exaustão de nós próprios. Mas, dizia eu, se tantas vezes o cansaço nos parece vencer, mesmo nessas vezes, há sempre espaço para a surpresa, para a mudança. Para ver uma vírgula que não tínhamos notado antes e que muda todo o sentido à frase. Uma simples vírgula tem o poder de ser a pedra de toque para aquela mudança que sempre quisemos mas nunca conseguimos.
Não somos capas. Não nos julguem por aí. Não pensem que sabem como pensamos, como agimos ou como reagimos. Leiam-nos. Conheçam-nos. Abram a mente para a nossa história. Embrenhem-se nesta aventura, despidos de preconceitos.
Se quiserem um breve resumo, olhem antes para a contra-capa. Lá está uma pequena descrição. Menos atrativa, menos bonita que a capa, mas mais útil. Ou procurem livros de resumo, audio-livros, excertos. Mas, se assim for, não se queixem por deixar fugir um tesouro por estarem a contar as moedas que têm no bolso.
Não sou capa. Nem contra-capa. Sou eu. Conheces-me? Mas quantos capítulos? O livro inteiro? Tens, mesmo, a certeza disso? Por outro lado... Quantas capas pode ter cada livro?
terça-feira, 11 de janeiro de 2022
A gente vai continuar
Já diz o Jorge Palma que enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar. Mesmo que, por vezes, seja frustrante. Mesmo que te sintas no teu limite e te custe, vais sempre conseguir colocar um pé à frente do outro. A gente vai continuar.
Onde acaba a estrada? Por que caminho seguir? É por aqui, ou tenho de voltar para trás? Feliz ou infelizmente, a vida não traz GPS. Não sabemos se na próxima rotunda é a 1a ou a 3a saída, se o caminho tem portagens ou se temos de sair do país. A gente vai continuar.
Sozinhos, na nossa caminhada com e, simultaneamente, contra nós próprios. Acompanhados, de mão dada com quem nos quer bem. Sozinhos e acompanhados, em amena cavaqueira com os nossos fantasmas. A gente vai continuar.
Tristes. Cansados. Desiludidos. Frustrados. Incompreendidos. Desgostosos. Injustiçados. Isolados. Encostados. Traídos. Enganados. A gente vai continuar.
Porque, no fundo, sabemos que depende de nós. Que somos, sempre, capazes de dar mais um passo.
A gente vai continuar.
MB
domingo, 9 de janeiro de 2022
Máquina do tempo
Ver-vos em partilha é algo que me enche o coração e me faz rebentar de orgulho. Sentir a vossa ligação, a forma como comunicam sem falar, a forma como se entendem sem sequer olharem um para o outro. Não há nada de mais bonito do que ver-vos, como estou a ver agora.
Por outro lado, invejo-vos. Invejo exatamente isto que tanto admiro. Gostava de ser como vocês.
Não é de hoje. Gostava de ter feito tanta coisa de forma diferente. Gostava tanto de ter estado mais. Gostava tanto de ter uma oportunidade para corrigir tudo isso. Para não perder nem falhar tanto momento, tanto banho, tanto adormecer, tanta dor e tanta conquista.
Daí que procure uma máquina do tempo. Que funcione, que me dê a oportunidade de mostrar que aprendi, que cresci, que sou melhor. Que me dê a oportunidade de conseguir, de criar convosco esta ligação, cumplicidade e tele-empatia.
Porque mesmo fazendo por isso no presente e no futuro, ficará sempre a frustração de não o ter feito no passado. De não ter estado sempre.
MB
Viagem 3 - Serra de Béjar
Estava prometido ao G que ele este ano iria ver neve pela primeira vez. Viagem adiada pela falta de neve, mas neste fim-de-semana foi de vez...